SOLIDÃO
Semana passada li a reportagem sobre Shoji Morimoto, um mestre em física, morador de Tokio que, num ato de brincadeira, em repulsa ao ser demitido em 2018, criou o melhor emprego do mundo.
“Alugo-me para não fazer nada”.
Por ser tímido, ouviu de seu chefe que não fazia nada para a empresa, porquê era quase invisível, um apagado.
E esta característica pesou maior que o mestrado e seus conhecimentos técnicos.
Mas o interessante nesta história foi a revelação do quanto o ser humano, em pleno século XXI, ainda é solitário e carente.
Mesmo com tanta tecnologia e com a IA cada dia mais interativa, há os momentos em que apenas se quer ter alguém ao lado para ouvir sem questionar, ou mesmo apenas ouvir por ouvir.
É curioso como, por vezes, o silêncio não é solitário.
O ser humano não foi concebido para ser um eremita, desde o arquétipo do Jardim do Éden, quando Deus viu Adão só e o considerou triste, criando então Eva por companhia.
As espécies evoluíram, disputas por poder, acirramento comportamental e cisões nas relações, tudo pela conquista de ser o primeiro, o melhor, o dono da verdade, mas ao preço do isolamento profissional, do esquecimento dos Amigos, da rejeição familiar.
E neste embate contra o próprio ego, a vaidade sobressai sobre o bom senso e pedir desculpas não existe para quem nunca erra.
É mais fácil pagar alguém para estar ao seu lado…
Pagar alguém para não jantar sozinho.
Pagar alguém para passear no fim de semana.
Pagar alguém para levá-lo ao aeroporto.
Enfim, pagar alguém para fazer o que a Família e os Amigos deixaram de fazer…
Triste fim para quem imagina que dinheiro ou poder substituem Lealdade e Amor.
Eles pagam pela companhia, mas não conquistam a admiração, muito menos o respeito.
Enquanto o orgulho for maior que o arrependimento, Shoji Morimoto continuará a enriquecer.
Boa semana e Boas Reflexões
Sidnei Godinho

