REFLEXÃO SOBRE O AMOR, NÓS E NOSSOS SENTIMENTOS
Era uma vez uma ilha onde moravam muitos sentimentos. Correu o boato de que a ilha seria inundada e todos seriam atingidos.
O amor correu a avisar a todos, preocupado com o bem estar geral, procurando salvar a todos.
Todos correram e pegaram seus barquinhos para subirem ao morro mais alto da ilha, menos a pobreza que nem barco possuía. O amor lhe entregou o barco, dizendo que teria lugar para os dois. Mas ele iria dar uma volta pela ilha para ficar um pouco mais para ajudar a todos. A pobreza – não esperou o amor e se mandou com o barco.
A água foi subindo e o amor já desesperado, começou a pedir ajuda aos que passavam em seus barcos;
A riqueza – não levou o amor porque seu barco já estava lotado de ouro e prata, não havia lugar;
A vaidade – negou-se a levar o amor, dizendo que ele iria sujar seu barco.
A tristeza – passando disse ao amor, ah, amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha!
A soberba – disse ao amor que ele iria brilhar mais do que ela, por isso não poderia levá-lo!
O orgulho – ouvindo o pedido do amor, retrucou: levar você comigo? No meu barco novo? Você?
A avareza – para que levar o amor se nada ganho em troca? Prefiro levar alguém com que tenha algum lucro!
A humildade – não posso levá-lo meu amigo, meu barco é muito pobre para carregá-lo!
A dor – passou tão preocupada consigo mesma que nem ouviu os anseios do amor, só olhava para si mesma!
A solidão – ao perceber o amor, respondeu que preferia andar sozinha a ter que compartilhar seu barco e sua viagem!
A maledicência – falou ao amor que tinha ouvido falar que ele havia vendido por bom preço seu barco e que por isso agora sofria merecidamente!
A desculpa – ao ver o amor, desviou seu rumo para não ter que inventar uma boa desculpa!
A preguiça – argumentou ao amor que teria que dispender mais força nos remos se colocasse mais um passageiro em seu barco!
A liberdade – desculpou-se, achando que iria perder a privacidade ao ter que dividir seu barco com um desconhecido!
A alegria – passou tão distraída e tão alegre, que nem ouviu o chamado do amor!
Desesperado, achando que iria ficar só, o amor põe-se a chorar. Foi quando apareceu um barquinho e nele estava um velhinho que falou:
– Sobe amor que eu te levo!
O amor ficou tão radiante que esqueceu até de perguntar o nome do velhinho.
Chegando ao morro bem alto, onde estavam todos os sentimentos, o amor perguntou à sabedoria: quem era o velhinho que me trouxe aqui?
A sabedoria respondeu: o tempo
O tempo? Mas porque só o tempo me trouxe até aqui?
Respondeu a sabedoria:
Porque só o tempo é capaz de entender o amor, preparar para o amor e vivenciar o amor.
Jornal A FOLHA DO LITORA – Danilo Schilling