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Anjos na penumbra

A eletricidade, para ser utilizada com
segurança,é produzida em grandes hidroelétricas e reduzida em seu potencial
sucessivas vezes até atingir o nível suportável pelos frágeis aparelhos domésticos.
É assim que se comporta o amor divino. Deus é
a potência geradora, os bons Espíritos são os
redutores e nós os frágeis aparelhos que nos
servimos da Sua energia.
Por isso somos essa mistura de humano e
divino e ora nos comportamos como anjos
e ora como simples mortais.
Enquanto humanos, entre lençóis, nosso amor necessita de toques, de sussurros, de promessas, mesmo que não se cumpram.
Mas na condição de pais, de irmãos, de amigos,
sabemos ser fiéis, amorosos e somos capazes
de grandes sacrifícios. É o amor divino em sua
manifestação.
Quando ofendidos revidamos. O ódio se apodera de nossas ações e a vingança nos mede os passos. É assim que, humanamente, colocamos em nossa alma os interruptores do amor divino.
Mas quando nos apaixonamos colhemos flores
fazemos poemas, preces, atravessamos desertos,
choramos e somos capazes de dar a própria vida
por quem amamos. É a nossa parte divina em
evidência.
Se contrariados fazemos guerras,
construimos fortes, armazenamos pólvora
aprisionamos e torturamos nossos irmãos.
Somos então, inferiores aos animais, que só se desentendem em competições por alimento, por espaço e em defesa da vida.
Mas nas grandes catástrofes, nos unimos,
choramos juntos, trabalhamos juntos,
cosemos nossas mortalhas e enxugamos
as lágrimas uns dos outros. Nesses instantes
aumentamos nossa voltagem e brilhamos
como anjos na escuridão.
Somos insensatos. A quem juramos amar,
às vezes mandamos embora. Apunhalamos amigos e abrigamos inimigos se isso nos traz vantagem; deixamos crianças morrer
e abandonamos os velhos. É o apagão momentâneo do amor.
Mas também agimos com lucidez invejável
quando defendemos a natureza, construimos
abrigos, lutamos contra o aborto e doamos
órgãos, mesmo quando precisamos deles.
Somos humanos a caminho do divino.
Nessa caminhada nos aproximamos e nos
afastamos do amor, energia que nos sustenta
e motiva. Constantemente nos admiramos com
a nossa força e nos decepcionamos com a nossa imaturidade.
Vemos a luz e qual mariposas somos atraidos.
Mas não recusamos o convite da penumbra para permanecer mais um pouco com ela.
Ainda somos frágeis embarcações no imenso
mar de emoções e sentimentos no qual nos
debatemos. Mesmo com a bússola e o mapa
em mãos, teimamos em desviar o caminho,
indecisos entre o porto da paz e a enseada
das paixões.
Ainda atravessaremos mares revoltos,
sofreremos naufrágios, lançaremos ao mar pesada carga de material inútil até aportarmos
na terra prometida.
Ainda serão necessárias milhares de
tempestades para emfim, nos decidirmos
pela calmaria.
Ainda enterraremos muitos mortos até que
a vida, definitivamente, seja vitoriosa.
Mas um dia! Ah, um dia! Brilharemos tanto
que formaremos com Deus a grande costelação
da luz. Seremos como estrelas ao lado do grande Sol que inuda de brilho todo o universo.

 

Fonte: Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro

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