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AUXILIAR OU ATRAPALHAR

 

A prática da caridade é um dos princípios norteadores da vida de um cristão, entre outros postulados que nos encaminham para a verdadeira vida, segundo a escalada evolutiva a que todos estamos sujeitos.

Fazer ao próximo o que desejamos para nós, não significa assumir inteiramente os compromissos e tarefas que outro deve realizar. Antes de tudo, caridade não significa anular ou menosprezar capacidades do semelhante.

Muito comum se ouvir a expressão: “Deixa que eu faço”, tratando o semelhante como um inapto para alguma tarefa. Outra maneira seria mais apropriada: “Deixa-me te auxiliar”, ou seja, não assumir o espaço que não lhe pertence. Auxiliar é diferente de assumir. Uma é a prática da caridade, outra expressa soberba, vaidade…

Todo ser vivente, traz em seu processo encarnatório um projeto previamente estruturado, planejado, cujas tarefas serão desenvolvidas no percurso compreendido entre o nascimento e a morte do corpo físico.

Individual e/ou coletivas as tarefas, dificuldades, erros e acertos, significam ferramentas para evolução, cabendo a cada um desempenhar com dedicação e o máximo de exatidão o papel que lhe cabe como em uma peça teatral, objetivando um final feliz.

Existem grupos em que algum personagem assume, além do seu, vários outros papéis que não lhes seriam devido, tipo: “vou tomar conta de você”, “Eu assumo sua tarefa”, “Eu tenho mais habilidade”, “você não sabe”…

Até onde vai a caridade e onde inicia a intromissão?

Na mesma proporção que alguém assume tarefa que não lhe cabe, está tirando a oportunidade de evolução daquele que a quem caberia a ação. Pode ser paradoxal, no entanto, a verdade é uma só: o que não fazemos nessa vida, teremos que fazer em uma próxima oportunidade. Isso está bem claro nas palavras de Jesus: “A cada um, segundo suas obras.”

Auxiliar, sim. Atrapalhar, jamais. Sabemos ser muito difícil diferenciar quando estamos auxiliando e quando estamos atrapalhando, no entanto, esse aprendizado também faz parte da caminhada evolutiva, procedendo como verdadeiros irmãos – presente quando necessário, mas sempre respeitando limites, funções e atribuições que não nos cabem realizar.

Como os dedos de uma mão somos todos irmãos, com tarefas, limitações, qualidades e defeitos distintos, unidos num mesmo ideal que é a realização do projeto de vida a ser executado.

 

Danilo Schilling

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