Brasil esquece a cartilha, mas estreia com vitória sofrida na Copa América

A cartilha do basquete moderno, que vinha sendo seguida à risca na fase de preparação, ficou dentro do vestiário. Sem ela, o Brasil penou, mas conseguiu arrancar uma vitória sofrida sobre a República Dominicana na estreia da Copa América. Apesar dos erros bobos e das precipitações, os 81 a 68 garantem o primeiro passo rumo a uma das quatro vagas do Mundial. Em todo caso, ligam o alerta para a equipe de Moncho Monsalve, que volta à quadra nesta quinta, às 19h30m (de Brasília), para enfrentar a Venezuela.
– Agora, é menos um rival. Começamos bem, mas temos que manter a cabeça no lugar e a seriedade até o fim – disse Alex, cestinha do jogo, com 21 pontos.
O público melhorou bastante em relação ao primeiro jogo, entre Uruguai e Ilhas Virgens. A maioria da torcida estava com os dominicanos, fruto da grande colônia em San Juan. Estima-se que, entre imigrantes legais e ilegais, haja centenas de milhares de representantes na capital porto-riquenha.
Moncho mandou à quadra o quinteto que iniciou a maioria dos amistosos: Huertas, Leandrinho, Alex, Varejão e Splitter, com Marcelinho Machado no banco. Para a alegria da torcida, no entanto, a primeira cesta foi de Al Horford, pivô do Atlanta Hawks.
Aos poucos, a seleção de Moncho se encontrou. Emplacou um ou outro lance defensivo perfeito e apostou nas estilingadas de Leandrinho nos contra-ataques. Quando já dominava o placar, contudo, precipitou dois arremessos e permitiu que os rivais cortassem a diferença para apenas um ponto. Ao fim do primeiro período, a vantagem brasileira era de 21 a 18.
No segundo quarto, a formação mudou com a entrada dos experientes Marcelinho e Guilherme. A eficiência de Leandrinho nas infiltrações, contudo, não se repetia nos chutes de três foram seis tiros fora do alvo nas seis primeiras tentativas. Para piorar, Splitter cometeu sua terceira falta logo no início do segundo quarto e foi substituído.
Com dificuldades para finalizar, a equipe verde-amarela desceu a ladeira. Na metade do quarto, os dominicanos passaram à frente pela primeira vez desde os 2 a 0, e Moncho se viu obrigado a pedir um tempo para arrumar a casa. Não adiantou muito. Sem Huertas, ainda no banco, o ataque não funcionava, e o jeito era apelar para os chutes de longe.
Mesmo com as precipitações e a pontaria torta, o Brasil conseguiu ir para o vestiário vencendo por 38 a 36. Àquela altura, Leandrinho era o cestinha da equipe, com 10 pontos, seguido pelos nove de Marcelinho e os sete de Splitter, que também tinha sete rebotes.
Durante o intervalo, nada de show ou atrações na quadra, que ficou vazia. Nas caixas de som, a salsa marcava o ritmo, mas a torcida não entrava na dança. Preferia se concentrar na pipoca e no algodão doce que passavam com os vendedores.
Dentro da quadra, quem continuava jogando por música era Francisco Garcia, que abriu o terceiro período com uma cesta de três eram quatro certeiros àquela altura. Enquanto a bola de longa distância caía para os dominicanos, no Brasil o que caía era o ritmo. Até Anderson Varejão tentou de três.
Para o bem da seleção, Al Horford cometeu sua quarta falta e deixou a quadra. O técnico Julio Toro reclamou e levou uma técnica. Com os dois lances livres convertidos por Leandrinho e a bandeja do ala-armador logo em seguida, o Brasil passou à frente de novo, com 47 a 46. Mas Splitter também fez a quarta falta e deu lugar a Guilherme. Nova descida de ladeira, com direito a uma série de erros bobos embaixo da cesta. Na virada para o quarto período, Garcia & Cia. venciam por 61 a 57.
No último quarto, principalmente nos cinco minutos finais, o Brasil abriu vantagem de dez pontos. Alex apareceu com boas infiltrações e tiros de fora, colocando o Brasil de volta no jogo. Horford e Villanueva foram eliminados com cinco faltas, o que facilitou a vida dos brasileiros. Aos poucos, o time de Moncho controlou o placar e garantiu a vitória.
– Nós conseguimos segurar o jogo e fazer com que as bolas de três caíssem no final. Todo mundo foi muito bem. Varejão e Splitter lá embaixo fizeram um trabalho especial e tiraram jogadores da partida. Com isso, tivemos paciência para passar à frente e fazer o que melhor sabemos, que é jogar no contra-ataque – disse Alex.
Crédito: Globo
