Aécio e Dilma trocam acusações e debate eleitoral esquenta


Menos de 48 horas após trocarem acusações no primeiro debate do segundo turno, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) voltaram a protagonizar um programa dominado por denúncias de corrupção. No embate realizado no final da tarde desta quinta-feira pelo canal SBT, portal UOL e rádio Jovem Pan, os candidatos à Presidência mais criticaram os governos adversários do que apresentaram propostas para o país. Ao final do programa, a presidente sentiu-se mal e teve de interromper uma entrevista.
Os dois principais ataques envolveram a nomeação de irmão de Dilma na prefeitura de Belo Horizonte por um governo petista e a recusa de Aécio em se submeter ao bafômetro em blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro, em 2011. Logo no primeiro bloco, o tom de voz dos candidatos se elevou quando a petista questionou o emprego de familiares do senador no governo de Minas Gerais e afirmou que “nunca nomeou parentes para o seu governo”.
Na resposta, Aécio relatou que sua irmã assumiu serviço voluntariado no Estado e contra-atacou:
A senhora conhece Igor Rousseff? Seu irmão que foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel e nunca apareceu para trabalhar (…). A diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, e o seu irmão recebe e não trabalha nada.
Na réplica, a presidente disse que no governo de Minas não pode empregar “um irmão, uma irmã, um tio, três primos e três primas”, e, na sequência, o senador apontou que o “nepotismo é proibido por lei” e que não existe parentes trabalhando no governo. Em outro momento tenso do debate, a petista trouxe à pauta a Lei Seca, que ganhou rigor há dois anos.
Eu queria saber o que senhor acha e como vê essa questão da Lei Seca e se todo cidadão que for solicitado deve se dispor a fazer o exame de álcool e droga perguntou, em provocação a Aécio, que foi pego dirigindo com a carteira de habilitação vencida e se recusou a fazer o teste.
Tenha coragem de fazer a pergunta direto. É claro que essa é uma iniciativa extraordinária. Não é sua respondeu o tucano. Tive um episódio que parei numa Lei Seca e minha carteira estava vencida e ali, naquele momento, inadvertidamente, não fiz o exame e me desculpei por isso.
Após a fala, o mediador Carlos Nascimento teve de intervir, pedindo silêncio à plateia, que puxou uma salva de palmas.
Não estamos em um programa de auditório advertiu.
Já na abertura do debate, a primeira pergunta deu o tom de troca de acusações do programa. Na largada, o senador voltou a questionar a responsabilidade da presidente nas denúncias de corrupção da Petrobras, citando auditoria do Tribunal de Contas da União que apontou problemas na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) um dos maiores projetos da estatal. Dilma repetiu o discurso de que os desvios só foram identificados em função da autonomia dada pelo seu governo à Polícia Federal e numerou denúncias envolvendo aliados do tucano.
Onde estão? Todos soltos disse. Essa, candidato, é a diferença entre nós: eu investigo, construo provas para punir.
Ou a senhora foi conivente, ou a senhora foi incompetente para cuidar da maior empresa pública brasileira rebateu Aécio.
No início do segundo bloco, o tema Petrobras voltou à pauta. Dilma citou a denúncia de que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra recebeu propina para esvaziar a CPI da Petrobras.
Por isso, a gente tem de investigar, doa a quem doer apontou Dilma.
Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem de ir a fundo, e, pela primeira vez, pelo menos há algo positivo aqui: a senhora dá credibilidade às denúncias de Paulo Roberto (Costa) devolveu o tucano.
Ainda no segundo bloco, Aécio quis saber da presidente sobre o andamento das obras de mobilidade urbana. Citou a promessa do metrô de Porto Alegre e de Minas Gerais.
A senhora tem um conjunto de boas intenções que a ineficiência do governo lamentavelmente não permitiu que ainda saíssem do papel.
Dilma apontou que as obras do metrôs envolvem parceria entre o governo federal e as prefeituras e que nove projetos estão em andamento no país. Em mais de uma oportunidade, o senador ainda acusou a presidente de fazer “uma das campanhas eleitorais mais baixas da história” e de atacar Minas Gerais Estado que Aécio governou por dois mandatos e no qual ambos os candidatos nasceram.
O senhor não é Minas disse Dilma. Eu saí de Minas não foi para passear no Rio de Janeiro. Eu saí de Minas porque fui perseguida. E é por isso que passei uma parte da minha juventude fora de Minas. E lamento muito.
No decorrer do programa, a construção do aeroporto no município mineiro de Cláudio, em área próxima à propriedade de familiar de Aécio, voltou ao centro do debate. Já o senador acusou Dilma de fugir da discussão de propostas e de não ter o que mostrar ao Brasil, além de tocar, novamente, na alta da inflação. O tucano ainda disse que a presidente “terceiriza responsabilidades” e pediu que se desculpasse da declaração de que “todo mundo pode cometer corrupção”.
O senhor manipula palavras retrucou a petista.
Nas considerações finais, após 1h20min de debate, Dilma defendeu que o Brasil está em “processo de mudança” e que a população tem oportunidades de estudo, educação e emprego que não tinha antes. Aécio encerrou sua fala dizendo que quer ser o “presidente da integração nacional” e do combate à criminalidade e à inflação. O próximo debate entre os presidenciáveis ocorre no domingo à noite, na Rede Record.
Crédito: ClicRBS
